domingo, 1 de julho de 2018

AVALIAÇÃO

         Nos últimos anos, a avaliação tem se tornado um instrumento de grande importância na prática docente. Nota-se que poucos a utilizam como forma de ajudar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, averiguar os pontos fortes e fracos, observar se realmente os objetivos propostos estão sendo alcançados. Por outro lado, têm-na como forma de punição, autoritarismo, retenção, vingança, instrumento de poder, medida e controle.
            Segundo Luckesi (2001, p. 174), a avaliação da aprendizagem na escola tem dois objetivos: auxiliar o aluno no seu processo de desenvolvimento pessoal, a partir do processo ensino-aprendizagem e prestar informações à sociedade acerca da qualidade do trabalho educativo realizado. Em uma perspectiva mais ampla, alguns especialistas sugerem a reflexão do papel do professor, em especial da sua habilidade docente, de modo a garantir indícios de uma avaliação significativa, além de garantir a gestão dos ciclos de aprendizagem e sua retroalimentação.
Avaliação “classificatória” e “mediadora”
            A avaliação classificatória avalia todos os alunos de uma mesma forma, igualmente, com se todos os envolvidos no processo pensassem e se comportassem da mesma maneira, não levando em consideração o desenvolvimento integral do aluno ou suas demais habilidades. Este tipo de avaliação leva a fragmentação da aprendizagem, não faz uma inter-relação entre conteúdos ou disciplinas, e nem demonstra o trabalho do professor. Já a avaliação mediadora, prioriza todo o processo, pois é um dos elementos de ensino e aprendizagem, por isso é realizada de forma integrada e coerente com o processo como um todo. Respeitando o tempo de cada um, o professor assume a responsabilidade junto com o educando e a união dos dois fortalece o desenvolvimento do aluno.
Papel reducionista da avaliação
            A avaliação assume papel reducionista quando acontece em momentos programados do ano letivo, como se fosse um episódio a parte, não fosse uma continuidade de todo o processo escolar. Sendo assim, fica reduzida a momentos pré-estabelecidos sem fazer qualquer conexão como o processo educativo. Outro ponto é levar em consideração somente aquilo que o aluno memorizou, ou seja, uma simples transmissão daquilo que decorou para o papel, sem demonstrar ter criado algo novo ou desenvolvido uma aprendizagem significativa. Também a utilização de um só instrumento de avaliação, aplicar apenas provas, empobrecendo o processo e sendo impossível ter uma visão clara sobre o quanto o aluno aprendeu. Por fim quando esta avaliação é feita como o final de uma etapa, visando classificar este aluno, sem levar em conta o caminho percorrido até ali. Sendo assim a avaliação não causa crescimento, nem aprendizagem nos alunos, pois não considera os resultados paralelos.
Visão unilateral da avaliação
            A escola promove a visão unilateral da avaliação, de forma que apenas um dos pólos seja avaliado por todos - o aluno. Primeiro, o aspecto físico-dimensional e organizacional da sala de aula, onde um grande número de alunos está em fila, de costas um para o outro, o professor à frente como figura central. Estabelecem uma rotina de tarefas e provas desvinculadas do processo de construção do conhecimento, descaracterizando assim a avaliação. Após as avaliações bimestrais o professor, no cumprimento das exigências da escola, dar no final do bimestre uma nota ao aluno. A partir daí, continua sua tarefa de “dar a matéria”, apenas para classificar, aprovar ou reprovar, bem oferecer a suposta recuperação de aprendizagem do aluno.
            Refletindo, ainda, sobre as práticas avaliativas e sua repercussão na esfera social, podemos constatar que a avaliação classificatória serve a ideologia dominante que discrimina e seleciona os mais aptos a participarem de uma sociedade excludente e ditatorial (capitalista), não inclusiva e participativa como prevê a avaliação emancipadora ou mediadora do processo de desenvolvimento do educando.
            É preciso repensar os fundamentos, os princípios, os valores e as ideologias em que se apoiam o processo pedagógico avaliativo na perspectiva de sua superação. Para tanto é preciso compreender, como diz Sousa (org.) apud Garcia (1991, p.46): A avaliação só tem sentido se tiver como ponto de partida e ponto de chegada o processo pedagógico para que, identificadas as causas do sucesso ou do fracasso, sejam estabelecidas estratégias de enfrentamento.
A postura ética do professor frente à avaliação
            O professor deve se comportar com um orientador, levando sempre em conta que o aluno está em processo de aprendizagem e que ele precisa construir com seu aluno o caminho a ser seguido e auxiliá-lo sempre que possível nesse processo. O professor deve estar em constante avaliação, ela deve se fazer presente durante todo o processo e não somente no final. A aprendizagem envolve muitos aspectos, desde os cognitivos até mesmo afetivos, familiares que influenciam diretamente na aprendizagem.
            A avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p.81)

REFERÊNCIAS:
FERREIRA, Lucinete. O contexto da prática avaliativa no cotidiano escolar. In:_____. Retratos da avaliação: conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre: Mediação, 2002. p.39-61. 
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 4. ed. São Paulo : Cortez, 2002.
SOUSA, C. P. de. (Org.) Avaliação do rendimento escolar. Campinas: Papirus,1991.