Segundo Luckesi (2001, p. 174), a
avaliação da aprendizagem na escola tem dois objetivos: auxiliar o aluno no seu
processo de desenvolvimento pessoal, a partir do processo ensino-aprendizagem e
prestar informações à sociedade acerca da qualidade do trabalho educativo
realizado. Em uma perspectiva mais ampla, alguns especialistas sugerem a
reflexão do papel do professor, em especial da sua habilidade docente, de modo
a garantir indícios de uma avaliação significativa, além de garantir a gestão
dos ciclos de aprendizagem e sua retroalimentação.
Avaliação “classificatória” e
“mediadora”
A avaliação classificatória avalia
todos os alunos de uma mesma forma, igualmente, com se todos os envolvidos no
processo pensassem e se comportassem da mesma maneira, não levando em
consideração o desenvolvimento integral do aluno ou suas demais habilidades.
Este tipo de avaliação leva a fragmentação da aprendizagem, não faz uma
inter-relação entre conteúdos ou disciplinas, e nem demonstra o trabalho do
professor. Já a avaliação mediadora, prioriza todo o processo, pois é um dos
elementos de ensino e aprendizagem, por isso é realizada de forma integrada e
coerente com o processo como um todo. Respeitando o tempo de cada um, o
professor assume a responsabilidade junto com o educando e a união dos dois
fortalece o desenvolvimento do aluno.
Papel reducionista da
avaliação
A avaliação assume papel
reducionista quando acontece em momentos programados do ano letivo, como se
fosse um episódio a parte, não fosse uma continuidade de todo o processo
escolar. Sendo assim, fica reduzida a momentos pré-estabelecidos sem fazer
qualquer conexão como o processo educativo. Outro ponto é levar em consideração
somente aquilo que o aluno memorizou, ou seja, uma simples transmissão daquilo
que decorou para o papel, sem demonstrar ter criado algo novo ou desenvolvido
uma aprendizagem significativa. Também a utilização de um só instrumento de
avaliação, aplicar apenas provas, empobrecendo o processo e sendo impossível
ter uma visão clara sobre o quanto o aluno aprendeu. Por fim quando esta
avaliação é feita como o final de uma etapa, visando classificar este aluno,
sem levar em conta o caminho percorrido até ali. Sendo assim a avaliação não
causa crescimento, nem aprendizagem nos alunos, pois não considera os
resultados paralelos.
Visão unilateral da
avaliação
A escola promove a visão unilateral
da avaliação, de forma que apenas um dos pólos seja avaliado por todos - o
aluno. Primeiro, o aspecto físico-dimensional e organizacional da sala de aula,
onde um grande número de alunos está em fila, de costas um para o outro, o
professor à frente como figura central. Estabelecem uma rotina de tarefas e provas
desvinculadas do processo de construção do conhecimento, descaracterizando
assim a avaliação. Após as avaliações bimestrais o professor, no cumprimento
das exigências da escola, dar no final do bimestre uma nota ao aluno. A partir
daí, continua sua tarefa de “dar a matéria”, apenas para classificar, aprovar
ou reprovar, bem oferecer a suposta recuperação de aprendizagem do aluno.
Refletindo, ainda, sobre as práticas
avaliativas e sua repercussão na esfera social, podemos constatar que a
avaliação classificatória serve a ideologia dominante que discrimina e
seleciona os mais aptos a participarem de uma sociedade excludente e ditatorial
(capitalista), não inclusiva e participativa como prevê a avaliação
emancipadora ou mediadora do processo de desenvolvimento do educando.
É preciso repensar os fundamentos,
os princípios, os valores e as ideologias em que se apoiam o processo
pedagógico avaliativo na perspectiva de sua superação. Para tanto é preciso
compreender, como diz Sousa (org.) apud Garcia (1991, p.46): A avaliação só tem
sentido se tiver como ponto de partida e ponto de chegada o processo pedagógico
para que, identificadas as causas do sucesso ou do fracasso, sejam
estabelecidas estratégias de enfrentamento.
A postura ética do professor frente à
avaliação
O professor deve se comportar com um
orientador, levando sempre em conta que o aluno está em processo de
aprendizagem e que ele precisa construir com seu aluno o caminho a ser seguido
e auxiliá-lo sempre que possível nesse processo. O professor deve estar em
constante avaliação, ela deve se fazer presente durante todo o processo e não
somente no final. A aprendizagem envolve muitos aspectos, desde os cognitivos
até mesmo afetivos, familiares que influenciam diretamente na aprendizagem.
A avaliação deverá ser assumida como
um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o
aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa
avançar no seu processo de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p.81)
REFERÊNCIAS:
FERREIRA,
Lucinete. O contexto da prática avaliativa
no cotidiano escolar. In:_____. Retratos da avaliação: conflitos,
desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre: Mediação, 2002.
p.39-61.
LUCKESI,
C. C. Avaliação da aprendizagem
escolar. 4. ed. São Paulo : Cortez, 2002.
SOUSA,
C. P. de. (Org.) Avaliação do rendimento
escolar. Campinas: Papirus,1991.
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