As
escolas, assim como outras estruturas institucionais na atualidade, estão sendo
tensionadas pelo contexto histórico que vivemos. Especialmente as tecnologias
digitais de informação e comunicação estão alterando profundamente a forma como
nos organizamos socialmente. Isso não é uma novidade, é uma constatação ao
observar as condições materiais e objetivas do nosso tempo.
Hoje, com as tecnologias digitais da informação e
comunicação, muitas ações de inovação pedagógica são, na verdade, inovações
tecnológicas. E nem tão tecnológicas assim, se formos considerar o complexo
contexto brasileiro. Escolas sem laboratórios, materiais didáticos,
computadores, energia elétrica (sim, sem energia elétrica, no meio rural).
Nesse ponto concordo bastante com o educador Nóvoa, quando diz que nem o básico estamos
fazendo bem feito. Não adianta inovar na tecnologia se as próprias
concepções de educação que estão guiando as intencionalidades do currículo são,
elas mesmas, obsoletas. As tecnologias digitais não são, por si só,
salvadoras. Elas terão o uso e o significado que dermos a elas (ou que derem a
elas no nosso lugar). É importante não confundir inovação tecnológica
com inovação pedagógica. Essa diferenciação é que nos permite sermos
mais assertivos quando falamos dos problemas da escola e da forma como podemos
solucioná-los.
A tecnologias são meios, mas
não somente isso. As tecnologias digitais mudam a forma de nos inserirmos e nos
postarmos no mundo – transformam até a nossa percepção da realidade. Precisamos
de concepções pedagógicas que nos ajudem a estar e participar de maneira
autônoma e crítica neste mundo (e no mundo do futuro). Não se trata de deixar a
aula mais “interessante” e de “prender a atenção” com enfeites tecnológicos,
mas sim de alcançar os propósitos que já comentamos anteriormente: uma educação
que contemple a realidade do sujeito, que não somente deposite informação, que
estimule seu potencial criativo, que leve a compreender seu lugar no mundo e a
questioná-lo, que leve à construção de sua capacidade crítica.
CARDOSO, A. P. O. A Receptividade à Mudança e à Inovação
Pedagógica: o professor e o contexto 10 escolar. Porto. Edições Asa. 2003
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