sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

TEMPO E ESPAÇO EM SALA DE AULA




Para o professor, na atualidade, o tempo de sala de aula deixa de ser aquele tempo de cumprir com as suas obrigações, de realizar atividades que se destinam a preencher a carga horária?
Sim ou não? Por quê?

Sim, porque a mudança na noção do tempo, que deixa de ser pensado de forma linear para ser considerado simultâneo, é uma das marcas da Atualidade que mais nos instiga. O tempo se dá pela concomitância dos acontecimentos e não mais por sua expansão para o futuro.

Nessa perspectiva, a escola deve constituir-se, portanto, de ambientes vivos com diferentes representações, sentidos e significados. Sua organização espaço/temporal deve considerar a pluralidade de vozes, de concepções, de experiências, de ritmos, de culturas, de interesses, etc. A escola, por seu currículo e por sua dinâmica, deve conter em si a expressão da convivialidade humana, em toda a sua complexidade.
Não se trata, pois, de abandonar a dimensão do tempo cronológico e dos espaços formais na organização da escola. Trata-se de reconhecer e considerar que cada sujeito tem seu ritmo próprio de aprendizagem e, portanto, um modo singular de pensamento, movimento e ação, e que essa aprendizagem só ganha sentido na relação que esse sujeito estabelece com o outro, com o conhecimento e com o mundo. À escola cabe o papel de integrar, por intermédio de sua dinâmica curricular e pedagógica, os tempos e os espaços individuais aos coletivos.
O desafio é constituirmos a escola num outro tempo, num tempo da Atualidade, onde o foco no presente nos faria viver cada momento como um acontecimento, sem pretensões de somar o número de aprendizagens para quantificá-la ao final do ano letivo, onde a vivência do processo educacional fosse prazerosa cotidianamente. A mudança que se requer é no como vivenciamos, os tempos de aprendizagem e pedagógico independentemente do tempo de permanência que temos, alunos e alunas, professores e professoras, na escola. “Um tempo para se pensar juntos, para decidir, coletivamente, o que fazer, como fazer, porque fazer [...] Um tempo [...], que podia ‘ser tempo de criação’ e não o que se vivia nos últimos anos [...] tempo de repetição” (SAMPAIO, 2002, p.190). Poderíamos assim, romper com os espaços repletos de confinamentos vividos na Modernidade. A escola não se preocuparia mais com quem está “dentro” ou “fora” dos padrões estabelecidos como normais.

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