Sua prática alfabetizadora, ou seja, o “Método Paulo
Freire de Alfabetização de Adultos”, era conscientizadora, repleta de
significado político, humano, que tinha por objetivos gerar ações
transformadoras de vida.
Não há “conhecimento acumulado pela humanidade” que
substitua, qualificadamente, esta abertura para o sujeito onde, antes, se lhe
calavam com um saber, de outros (2003.24). É neste contexto de alfabetização
com o Método Paulo Freire se dava. Adquiria-se o código escrito, aprendiam-se
as questões fonéticas, semânticas, analíticas, sintáticas e todas demais que se
fazem para a aquisição da linguagem escrita. Porém, jamais se esquecia de como
afirma Maciel (1963), do teor de conscientização da palavra geradora e das
reações socioculturais que esta pode gerar no sujeito ou no grupo que a
utiliza. É nesse sentido que as palavras tornam-se geradoras. Geradoras de
práxis (ação-reflexão-ação), de conscientização, de valorização pessoal e
humana de libertação.
Tanto a utilização dos Temas
Geradores proposta por Freire, quanto a Pedagogia de Projetos, promovem a troca
nas relações sociais, a exploração e discussão de diferentes temas, onde cada
sujeito expõe uma leitura de mundo diferenciada, apresentando culturas
paralelas distintas, mas que se complementam na vida social, acabam por
promover a inserção da linguagem no contexto real do aluno, ajudando no seu
processo de construção de uma visão crítica da realidade, problematizando-a,
dessa forma promovendo a ação e transformação, tornando o sujeito consciente
desse processo, e, contribuindo efetivamente para seu processo individual e
coletivo de leitura de mundo, principal função da educação, segundo Paulo
Freire(1968).
Ao
refletirmos sobre a necessidade de uma pedagogia que seja de fato transformadora,
percebemos que é fundamental a conscientização e o desejo de mudança por parte
dos profissionais. Estes, comprometidos com seu papel de formadores, buscando a
efetivação de uma educação ressignificada, contextualizada, libertadora, são
capazes de trilhar, junto com os educandos, o caminho rumo a transformação de
realidade.
Para tanto, é imprescindível que os
educadores investiguem e considerem o universo dos educandos e sua relação com
o mundo. E principalmente, as famílias, que também fazem parte do processo
educativo. Além disso, os educadores precisam aderir ao exercício da práxis,
pensando criticamente sua própria prática e aperfeiçoando-a diariamente.
Formadora
de sujeitos críticos, reflexivos, humanizados e por isso, transformadora de
realidade. Para tanto, é preciso renunciar as práticas rotineiras,
descontextualizadas, castradoras e opressoras, próprias da educação
conservadora. Ainda que o sistema incentive a perpetuação da cultura dominante,
a alienação, a submissão das classes populares, cabe aos educadores denunciar
este abuso e comprometer-se com a construção de uma educação que valorize a
vida, que possibilite o ser, o pensar e o fazer consciente, crítico, autônomo,
ético, criativo e libertador.
Ainda
assim, continuamos a acreditar nas palavras de Freire (1996), que diz que
educação não muda o mundo, mas muda as pessoas, e as pessoas sim, estas
transformam o mundo.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. In: _____. Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p.89-101.
“A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freireana”(filme). Produzido durante o curso “Alfabetizando jovens e adultos”, SENAC-SP, Assessoria Instituto Paulo Freire”. 1999-2001. DVD ( 52min.)
FREIRE, Paulo. Educação como Prática de Liberdade. 33.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
FREIRE, Paulo. O mentor da educação para a consciência. Nova Escola: Grandes Pensadores, São Paulo, Edição 22, p. 70-73, mês jul. 2008.
FREIRE, Paulo. O mentor da educação para a consciência. Nova Escola: Grandes Pensadores, São Paulo, Edição 22, p. 70-73, mês jul. 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo.
Pedagogia do Oprimido. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
MAIA, Christiane Martinatti,
et al. Canoas: Ed. ULBRA, 2005. MACIEL, Jarbas. A Fundamentação Teórica do Sistema Paulo Freire de Educação. Estudos
Universitários. Revista Cultura. Universidade do Recife. Nº IV, 1963.
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