Os
estudos da psicologia baseadas em uma visão histórica e social dos processos de
desenvolvimento infantil apontam que o brincar é importante processo
psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. Para VIGOTSKY (1989), um
dos principais representantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana
criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de
novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e
adultos
Através
da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideais,
estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis
com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se
socializando. A convivência de forma lúdica e prazerosa com a aprendizagem
proporcionará a criança estabelecer relações cognitivas com as experiências
vivenciadas, bem como relacioná-la as demais produções culturais e simbólicas
conforme procedimentos metodológicos compatíveis com essa prática.
Tal
concepção se afasta da visão predominante da brincadeira como atividade
restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja a função
principal seria facilitar o processo de socialização da criança e sua
integração à sociedade. Ultrapassando essa ideai, o autor compreende que, se
por um lado a criança de fato reproduz e representa o mundo por meio das
situações criadas nas atividades de brincadeiras, por outro lado tal reprodução
não se faz passivamente, mas mediante um processo ativo de reinterpretação do
mundo, que abre lugar para a invenção e a produção de novos significados,
saberes e práticas.
A
brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, aprende-se a brincar
desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e a cultura.
Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no brincar são
também constitutivos do processo de apropriação de conhecimentos.
A
fim de melhor exemplificar a relação existente entre o lúdico e o
desenvolvimento psicomotor, recorre-se à teoria de PIAGET acerca do jogo
infantil, na qual propõe a classificação dos jogos sob o ponto de vista
cognitivo e deixa claro que é através da maturação e da interação ativa com o
meio ambiente(assimilação e acomodação), através das explorações
sensórios-motoras, que o comportamento da criança torna-se cada vez mais
diferenciado e, mediante a construção dos novos conhecimentos, vai
gradativamente dando lugar ao aparecimento dos comportamentos intencionais,
chegando, por fim, à atividade lúdica.
Na
concepção de PIAGET (1986) o jogo infantil pode ser dividido em 3 tipos: o
exercício, o símbolo e a regra, caracterizando diferentes períodos do
desenvolvimento infantil. O autor refere-se à ocorrência “de jogos de
construção” nos períodos de transição entre as etapas.
Segundo PIAGET (1986), o desenvolvimento da
criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa
do jogo como forma de equilibração do mundo.
Já
para VIGOTSKY (1989), a escrita é muito mais difícil do que parece, embora sua
aprendizagem interaja com a da leitura. Ao incluir-se a escrita junto com a
leitura, vê-se que aprender a ler é uma tarefe dificílima para uma criança de 7
anos. Neste momento, as habilidades psicomotoras incluem destreza manual e
digital, coordenação mãos-olhos, resistência à fadiga e equilíbrio físico. Fica
claro que a escrita é, enquanto conjunto de movimentos coordenados, um exemplo
de complexidade para a criança.
Se,
para a criança, a escrita é uma atividade complexa, o jogo, ao contrário é um
comportamento ativo cuja estrutura ajuda na apropriação motora necessária para
a escrita.
Então,
ao assistir os vídeos, ler os textos propostos e baseado no que foi relatado
acima, conforme as teorias de PIAGET e VIGOTSKY, estabeleço uma relação com uma
atividade que faz parte da minha prática pedagógica, onde costumo trabalhar
diariamente no final da aula com meus alunos, que eles adoram, é chama-se STOP.
Uma
brincadeira simples, que tanto os meninos como as meninas adoram jogar, onde para
desenvolver necessito apenas de caneta ou lápis e folhas de papel. Embora
simples, o jogo traz diversas vivências importantes. Pois trabalha a linguagem,
a comunicação, a escrita e até a categorização. Isso vai motivar a memória e a
imaginação, além do relacionamento com os outros.
Assim como o “stop”, costumo jogar
também, o “jogo da velha”, que não exige mais que papel e caneta. Ao escolher
os espaços em que fará suas marcações, o aluno está aprendendo a respeitar
os traços delimitados. Outro ponto positivo é o desenvolvimento
do raciocínio rápido.
REFERÊNCIAS:
PIAGET,
Jean. A linguagem e o pensamento da
criança.Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
VIGOTSKY,
Lev. Semenovich. Pensamento e linguagem.
Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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