segunda-feira, 25 de junho de 2018

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

 Ao lermos o texto Alfabetização de Adultos de Regina Hara observamos as semelhanças no processo de alfabetização de crianças, jovens e adultos. Todos passam por etapas ou níveis de alfabetização.
A autora apresenta neste livro, resultados de um trabalho de dois anos com um grupo de alfabetização.
Seu referencial teórico busca apoio nas teorias de Paulo Freire e Emília Ferreiro.
Desprovidos de material técnico necessário, de condições mínimas de trabalho e de um corpo de conhecimento que possa subsidiar os desafios impostos pela prática educativa, tais professores, a grande maioria leigos, são obrigados a aceitar o desafio de escolarizar adultos sem o mínimo preparo necessário ao bom desempenho. Muitas vezes acreditam que a militância e a opção política por um trabalho comprometido sejam suficientes para superar as dificuldades de competência no ensino de ler e escrever. Outras vezes acreditam que a simples leitura de um ou dois manuais seja suficiente para enfrentar os desafios metodológicos impostos nas salas de aulas. A verdade está muito distante disto. A alfabetização competente de adultos que une o compromisso político de educadores populares com a desenvoltura técnica necessária ao seu bom desempenho é ainda realidade poucas vezes encontrada. A simples militância por um lado, a mera informação técnica de outro, quando isto ocorre, não são suficientes para enfrentar o grande desafio imposto pelos condicionantes de ordem social. Em um a sociedade elitizada como a nossa, o ensino e as pesquisas em profundidade que possam dar conta de aprimorar concepções e mecanismos de aprendizagem no campo da educação de adultos das camadas populares não ocorrem. Obrigados a se formarem na prática, sem condições de sistematizarem suas experiências e sem possibilidades de terem acesso à pequena produção de conhecimento disponível, os educadores de adultos são obrigados ao eterno começar e recomeçar de práticas frustrantes e de vida curta.
            Daí a grande dificuldade que alguns profissionais encontram ao trabalharem com essa modalidade de ensino. Acreditam que é simplesmente modificar um pouco o vocabulário e continuar aplicando o mesmo tipo de atividades que são utilizadas com as crianças.
No entanto, esquecem do papel socializados e político da educação, especialmente de jovens e adultos.
            Esses alunos já possuem uma grande experiência de vida e histórias pessoais muito marcantes. A grande maioria não pode estudar na idade correta por dificuldades econômicas, de acesso à educação ou principalmente pelo papel excludente de nosso atual sistema de avaliação.
            Então, o profissional que opta em trabalhar com jovens e adultos deve considerar essa situação e deve trabalhar levando em conta a politização e o estímulo do senso crítico de seu aluno.   Deve possibilitar ao aluno a relação entre o que é estudado na escola e suas situações cotidianas.
            Ao apresentar seu trabalho, a autora ressalta como uma das questões que notou como central e que mereceu uma maior sistematização é o da metodologia da alfabetização de adultos.            Normalmente levados por uma leitura mecânica do chamado Método Paulo Freire educadores de adultos tem aceitado o desafio simplista de, escolhidas determinadas, palavras ligadas à realidade do educando, desenvolver processos de discussão e ou aprendizagem que impliquem simplesmente na decodificação de tais palavras e na sua silabação visando a construção de novas palavras. Tais movimentos, além de se tornarem mecânicos (como se o processo de alfabetização fosse um caminho linear de incorporação de novas sílabas ao universo de aprendizagem do educando), acabam não considerando a experiência acumulada por este educando e suas hipóteses a respeito de como tal processo de escolarização se realiza.
            Assim sendo, concluo que para o sucesso escolar do aluno adulto, os professores devem conhecer e respeitar profundamente esse aluno, com suas vivências, seus conhecimentos adquiridos, seu modo de ser e suas ideias.     
            Deve se estabelecer um diálogo entre alunos e professores, para daí criarem-se temas geradores, decorrentes do cotidiano dos alunos que possam ser trabalhados por toda a equipe e em todas as totalidades. Isso fará sentido para o estudante e valorizará o trabalho do professor.

BIBLIOGRAFIA
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.

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