“ Só podemos ver quando aprendemos que algo não está à mostra e podemos sabê-lo. Portanto, para ver , é preciso pensar.Olhar está implicado ao sentido físico da visão. Costumamos, todavia, usar a expressão olhar para afirmar uma outra complexidade do ver. Quando chamo alguém para ver algo espero dele uma atenção estética, demorada e contemplativa, enquanto ao esperar que alguém olhe algo, a expectativa se dirige à visualização, ainda que curiosa, sem que se espere dele o aspecto contemplativo. Olhar é reto, ver é sinuoso. Olhar é sintético, ver é analítico. Olhar é imediato, ver é mediado. A imediaticidade do olhar torna-o um evento objetivo”. (Aprender a pensar é descobrir o ver Marcia Tiburi).
Baseado no trecho acima, venho relatar minha
experiência pessoal como educadora, onde sei que em muitos momentos de minha
vida como docente, principalmente no início, quando não tinha nenhuma
experiência de como era uma sala de aula, e seus reais problemas, pude
vivenciar experiências que atualmente digo que foram apenas falta de um
“olhar”. Quando iniciei minhas atividades docentes eu apenas “via” meus alunos,
assim como via uma pessoa/objeto “qualquer”, via rapidamente, até porque em uma
sala de aula com 30 alunos, seria impossível ver um a um, via friamente, por
cima, sem interesse, sem prestar e dar a devida atenção que alguns precisavam.
Mas com o decorrer do tempo comecei a perceber que alguns se sobressaíam e
outros nem tanto, então para estes com maiores “dificuldades”, eu não podia
apenas vê-los, e sim “olhar” de um modo mais profundo, observador, reflexivo,
humano, caloroso, e principalmente, saber o que acontecia consigo e com o mundo
a sua volta.
E me veio a pergunta de
quantas vezes em nosso dia a dia olhamos para nossos alunos, suas famílias e
principalmente, nós mesmos??? Se estamos agindo da maneira correta ao ensinar nossos
alunos???
E cheguei à conclusão,
que devido a correria do dia a dia, as inúmeras tarefas, acabamos tendo pouco
tempo para esta pausa/reflexão, acabando por “ver” muitas coisas, mas “olhar”
para poucas.
Por isso, acredito que
para desenvolvermos por completo nosso papel de educadores, precisamos muito
mais que um conteúdo programático ou método de ensino a seguir, e sim “olhar”
para nossos alunos, de tal modo que possamos perceber, existir, conviver,
tolerar, enfim, colocar-se no lugar do outro, fazendo assim a diferença na vida
do nosso aluno.