sábado, 21 de abril de 2018

COMÊNIO E A DIDÁTICA MAGNA

" A educação é necessário para todos" (Comênio)

O educador João Amós Comênio e a sua obra Didática Magna, é considerado um grande marco para o avanço da educação em sua época, com reflexos até os dias de hoje.
“Didática significa arte de ensinar.” Este é o grande e solene anúncio de Comênio na saudação que faz aos leitores em Didáctica Magna, um tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. Como um pensador atento a seu tempo, reúne nesta obra sua proposta metodológica que as escolas deveriam seguir no processo de ensino e de aprendizagem. Trata-se de uma expressão e uma resposta aos desafios sociais e educacionais do século XVII, em que se vivia a passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
O retorno a Comenius se tornou uma urgência a partir do momento em que constatamos a crise em que se encontra a didática atual.
Pensando no Brasil e na nossa realidade educacional. Recentemente universalizamos o acesso ao ensino fundamental, estender para a educação básica ainda não foi possível, assinamos a Declaração de Salamanca 3 , mas não implantamos de fato uma educação inclusiva. Nosso sistema educacional ainda não foi capaz de criar uma escola plenamente democrática, não só no acesso, mas também na qualidade da educação. Nos industrializamos rapidamente, superamos problemas econômicos que pareciam insolúveis, mas temos uma enorme dívida com a educação que vem de séculos e até agora – apesar de várias reformas – não foram equacionados. Por tudo isso e tantos outros problemas podemos verificar que se quer a proposta básica da Didática Magna foi ainda plenamente consolidada entre nós, ou seja, “a arte de ensinar tudo a todos”.
Mas o cerne da pedagogia de Comenius está configurado na expressão segundo a qual a educação nas escolas deve ser universal, ou seja, educação para todos, tal como apregoa hoje o governo.

 Ele diz:
“Cumpre-nos agora demonstrar que nas escolas é preciso ensinar tudo a todos. Isto não quer dizer que queiramos para todos um conhecimento (exato e profundo) de todas as ciências e artes: isso não seria útil em si mesmo nem possível a ninguém, tendo em vista a brevidade da vida.
(...) Em suma, como dos anos da infância e da primeira educação depende todo o resto da vida, se os espíritos não forem, desde o princípio, suficientemente preparados para as circunstâncias de toda a vida, não haverá mais nada a fazer. Assim como no útero materno se formam os membros igualmente para todos os homens, e em cada um se formam as mãos, os pés, a língua etc., ainda que nem todos venham a ser artífices, corredores, copistas, oradores, também na escola é preciso ensinar a todos todas as coisas que digam respeito ao homem, ainda que depois uma delas venha a ser mais útil a um, e outra ao outro”. (Op. cit., 100-101)

No seu tempo, Comenius reclamava que nenhuma escola havia atingido tal grau de perfeição, qual seja, o de promover o ensino para todos. Todavia, mesmo nos dias atuais isto ainda é uma utopia para muitos países, e assim ainda permanecerá por muito tempo, pois  alguns professores ainda resistem em colocar em prática está didática, não tendo o entendimento do cotidiano do seu aluno, não possuindo afetividade e um bom relacionamento, mantendo aulas expositivas cansativas que não desperta nenhum interesse no seu aluno, entre outros fatores.
Retornar a Comênio é progredir na educação e na didática!

REFERÊNCIAS

COMÊNIO, João Amós. Didática magna. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

COMENIUS. (Tradução Ivone Castilho Benedetti). Didactica magna. São Paulo: Martins Fontes, 1977. 390 p.


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