Ao ler o texto "História, conceito e tipos de deficiência", da professora e fisiatra Izabel Maior e assistir o vídeo "Deficiências e Diferenças" com Izabel Maior e Benilton Bezerra no café filosófico, chego a conclusão de que ambos nos provocam a refletir sobre as discriminações e preconceitos.
Izabel defende o lema "nada sobre nós, sem nós" e diz que "não é o limite individual que determina a deficiência, mas sim as barreiras existentes no meio".
A atitude preconceituosa das pessoas, a arquitetura, o transporte público, a comunicação, a falta de acesso a bens e serviços, entre outras questões, travam a autonomia verdadeira.
A pessoa com deficiência tem que provar todo o tempo que é capaz.
Só vamos chegar ao desenvolvimento social que buscamos quando entendermos que cada um tem contribuições a dar, a partir da sua diferença, do seu jeito de ver o mundo, do seu saber e da sua maneira de colaborar para a qualidade de vida de todos.A lutas dos cidadãos é a mesma. "É contra a discriminação, é contra o apartheid, é contra a falta de oportunidades, é contra a reiterada posição de discriminar parecendo que não está descriminando".
Após assistir o vídeo e ler o texto, regressei a minha sala de aula e fiz uma análise das duas realidades em que atuo como professora e supervisora. E cheguei a conclusão de que na escola da rede estadual que atuo como professora existem pouquíssimas crianças com deficiências. Já na escola que atuo como supervisora na rede municipal existem muitos casos de deficiências. E hoje consigo entender "talvez" porque isso aconteça. Na rede estadual onde sou professora, não temos nenhum suporte para trabalhar com alunos com deficiências, como o município oferece: auxiliar de AEE, atendimentos especializados (psicopedagoga, fonoaudióloga, psicóloga...), o aluno que tenho este ano no meu 6º ano, tem laudo Q 04.0 / F90.0, e toma medicação. Mas nunca a equipe diretiva veio conversar comigo sobre o aluno, simplesmente me falaram que ele tinha dificuldades e era lento, pois teve um problema no parto. Então como professora, fui tentar descobrir mais sobre meu aluno, indo até a secretaria para ver sua ficha de matrícula e tentar descobrir algo mais, e para minha surpresa vi que ele tinha laudo e tomava medicação, e não tinha apenas dificuldades como me passou a equipe diretiva. Ele é um aluno muito querido e tranquilo, conversa pouco em sala de aula, até porque como é lento, é comprometido em sempre ter seu caderno em dia e copiar todo conteúdo. E com o convívio, mudei algumas estratégias que costumo ter com minhas turmas, não posso ditar conteúdos, pois ele não acompanha, as provas são as mesmas, mas divido em duas partes para ele realizar, para ele não ficar nervoso. Como é uma turma agitada, eles costumam copiar e terminar rápido as atividades, e como o "fulano" é lento, tenho que ter sempre atividades extra para os outros, pois preciso esperar ele terminar as atividades, e as atividades extra ele leva como tema de casa. Hoje como professora vejo que ele consegue acompanhar a turma em conteúdo, apenas preciso às vezes trabalhar mais individual com ele no momento das explicações. E assim é o meu trabalho com o aluno em sala de aula, pois, como relata a colega Claudia em seu relato, nós educadores não somos preparados para trabalhar e atender crianças com necessidades especiais, ao mesmo tempo que é difícil no dia a dia nos torna desafiador trabalhar com estes alunos.
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