Repensando o papel do professor em sala de aula:
Em se tratando das dificuldades que os alunos com altas habilidades encontram na sua trajetória acadêmica, não há como não lembrar do professor , pois exerce grande influência na vida escolar de todos os alunos.
O professor deve estar atento para as relações estabelecidas em sala de aula não sejam vistas pelo aluno com altas habilidades como algo negativo. Geralmente sabe-se que "as crianças rotuladas superdotadas têm mais problemas sociais do que as não assim rotuladas"(WINNER, 1998, p.179)
Conforme Winner: "Rotular uma criança como superdotada a pressiona a desempenhar como uma criança superdotada e aumenta seu sentimento de ser diferente"(WINNER, 1998, p.179).
Quando este rótulo não é bem trabalhado(resolvido por parte dos professores, colegas e pela própria criança com altas habilidades), isso pode trazer problemas para a convivência entre todos na escola. Sentimentos como rejeição e menosprezo e até isolamento, podem ser consequências negativas dessas relações interpessoais.
Outra característica destas crianças é a introversão, pois, sentem-se diferentes dos demais, apresentando dificuldades de relacionamentos. Isso se dá porque os interesses das crianças com altas habilidades não são as mesmas de seus colegas, o que geralmente faz com que ocorra um distanciamento natural por parte de ambos.
Acredito que diante desta problemática, como educadora , é necessário a criação de um espaço para as crianças com altas habilidades, pois as trocas sociais entre eles são muito importantes.
Costa (2002), pontua que:
"É fundamental ao indivíduo permanecer no seu contexto, aprender a conviver com suas diferenças, realizar trocas com os demais e ampliar sua comunicação(...).
É claro, que o professor deve, primeiramente conhecer sua turma e verificar se está estratégia será viável.
Mas sabemos que na maioria das vezes, os professores caem no comodismo: Por que alterar a prática se está dando certo? Porém, será que eles estão complementando os interesses dos alunos ou apenas é menos trabalhoso continuar do jeito que está?
GUENTHER (2000, p.63) complementa esta questão quando expõe suas ideias:
"(...) a esse respeito umas das tarefas do professor seria estimular o pensamento, a reflexão, permitir que o aluno demonstre suas opiniões, que desenvolva um senso crítico".
Nós educadores devemos ter a consciência de que iremos ensinar, mas que também iremos aprender com os alunos, posto que a figura do professor como "sabe-tudo" já está mais que ultrapassado. Portanto:
è preciso um professor que seja um mediador não somente do conhecimento, mas também da compreensão de si próprio, de seus pontos fracos e seus pontos fortes, que seja mais um, orientador do que um transmissor de conhecimentos, que ajude esse aluno a integrar-se ao grupo e assim facilitar-lhe sua integração à sociedade(PÉREZ, 2002).
Muitos professores, que não possuem treinamento especial no reconhecimento de sinais de superdotação, simplesmente consideram estas crianças como um problema e mandam relatórios para os pais de que a criança é desmotivada, não deseja tentar e não consegue sentar quieta(WINNER, 1998, p.194).
Dessa forma, muitas vezes nós professores acabamos encaminhando essas crianças para uma avaliação psicológica, temendo que elas sejam hiperativas ou que apresentem algum distúrbio de aprendizagem ,pois é mais fácil medicar o aluno para ele ficar quieto e concentrado, do que lidar com suas diferenças e fazer o diferente em sala de aula, lógico com o devido suporte.
COSTA, M.R.N. da. Os Portadores de Altas Habilidades e educação: uma relação de desafio.
GUENTHER, Z.C. O aluno bem dotado na escola regular:celebrando diversidade, incluindo diferenças.
PÉREZ, S.G.P.B. Da transparência a Consciência: uma evolução necessária para inclusão do aluno com altas habilidade/superdotados.
WINNER, E. Crianças Superdotadas: mitos e realidade. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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