terça-feira, 28 de novembro de 2017

RECORTE DA MINHA REALIDADE COMO EDUCADORA

Relatarei minha rotina diária na rede Estadual que trabalho, onde no turno da manhã leciono a disciplina de Língua Portuguesa com o 6º e 8º ano e a noite com o EJA, e a tarde sou Supervisora de uma escola da rede Municipal.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Reüs situa-se no bairro Pitangueiras de Santo Antônio da Patrulha.
O nível de desenvolvimento que temos são comprometidos ao analisar a construção histórica, desde a fundação do município.
          O bairro na qual a escola está inserida é o mais desenvolvido do município. Nele situa-se a zona bancária, cooperativas, grande parte do setor de serviços, igrejas, escolas, comércio, indústria, etc... As pessoas residem ou trabalham, na maioria assalariados, são em geral simples, mas com um razoável nível cultural e apresentam disposição de progredir neste sentido.
          Pela sua localização e fácil acesso, a procura de vagas é expressiva e, muitas vezes, esbarra em nossas limitações, especialmente de espaço.
          O bairro possui uma infraestrutura satisfatória, oferecendo no mínimo, condições básicas de funcionamento aos diversos setores.
          A aula começa às 07h:45min. e termina as 11h:55min., divididos em 5 períodos de 50 min, onde das 10:15 até as 10:30 temos o recreio. No turno da manhã dou aula 2ª, 3ª e 5ª os 5 períodos. A noite a aula começa às 19:00h e termina as 23:00h, divididos também em 5 períodos, mas a realidade aqui é um pouco diferente, pois os alunos também são diferenciados, devido serem adultos que trabalham durante o dia e estudam à noite, onde muitos vêm direto do trabalho para a aula, então geralmente as aulas encerram as 22:30, pois depois da merenda e recreio os alunos vão embora, não permanecendo para assistir o último período. Enquanto no dia os alunos são muito assíduos(presentes) e mais cobrados devido só estudarem, durante à noite eles faltam muito e o nível de cobrança é um pouco mais flexível, devido ao contexto dos alunos.
          Durante o dia os alunos do 6º ano são muito agitados, pois ainda são muito infantilizados, onde é preciso saber lidar com eles, pois tudo é motivo de brigas e fofocas entre eles, e o uso do celular é lógico, que é constante se eu me descuidar.  Já o 8º ano apesar de agitados, são adolescentes, onde a aula transcorre de maneira mais tranquila, lógico que tem o problema do celular também, pois querem estar o tempo todo conectados. Mas para entrarmos em um consenso sempre dou os 10 minutos finais para eles ficarem no celular, em ambas turmas.
          A noite as aulas transcorrem de maneira mais tranquila, pois a maioria são adultos, onde não temos maiores problemas. Mas temos alguns jovens que em algumas ocasiões querem perturbar ou infringir alguma regra do turno da noite, onde a orientação e supervisão logo tomam as providências necessárias. Este ano de 2017 estamos tendo muitos problemas de drogas na escola no turno da noite.
          E assim transcorrem meus dias e noites, onde leciono minhas aulas, intercalando em aulas expositivas e aulas práticas, onde fazemos trabalhos em grupos, assistimos filmes, fazemos passeios/saídas culturais e exposições.
          Ao analisar minha rotina e na função da escola, relacionando com minhas leituras, ficou claro que conforme MISSIO & CUNHA;
[...] percebemos que a escola se mantém de maneira tenaz, impondo certos modos de conduta, de pensamento e de relações próprias, independente das mudanças que ocorrem na sociedade; o que a torna desinteressante para a grande demanda de estudantes que são obrigados frequentá-la diariamente. (MISSIO & CUNHA, 2010. p. 6)

          Embora esta construção escolar, cujo as finalidades expressas no PPP da escola diz que:
          A escola pública tem como compromisso oportunizar condições para sua clientela construir conhecimentos, atitudes e valores, contribuindo na formação de cidadãos críticos, éticos e participativos nos contextos que integram (BRASIL, 2004). No entanto, que requer superação de obstáculos, pois segundo Atié (1999, p. 3), em sua análise sobre a escola pública: “Hoje, o desafio que se coloca diante da escola é fornecer educação e informação para toda a vida... ela precisa romper seus muros e estar plenamente inserida no seu tempo e na comunidade a qual pertence.” Ações escolares devem ser consolidadas em um contexto participativo, integrador de todos seus segmentos, sincronizadas com o contexto atual, que requer uma política educacional capaz de contribuir na condução do país ao pleno desenvolvimento, em conformidade com os princípios democráticos em evolução. Acredito sim que podemos programar as atividades, mas de encontro da nossa atual conjectura de mundo, discordo em fazer uma atividade só porque está no cronograma, e sim fazer para despertar “algo” que desperte interesse em nossos alunos.
Remetendo a posição Pós-Moderna, ainda estamos atrelados a um único modelo Cultural, com um indivíduo emancipado, porém conformado com as imposições impostas por um sistema que “visa controle, tornar dócil a consciência”, isto é uma escola que ensina conhecimentos e comportamentos.
          No entanto,
“A posição Pós-Moderna pretende desconstruir a crença em uma totalidade unitária de mundo, em conceitos universais e totalizantes, com valores eternos e imutáveis, isto é, pensar o mundo sem recorrer a metarrelatos ou a metanarrativas”. (MISSIO & CUNHA, 2010. P.7).

O grande desafio de nossa realidade é transformar nossa educação identificada como Moderna, em uma educação Pós-Moderno, que encoraja a “intuição, a emoção e a diversidade”.

REFERÊNCIAS:
ATIÉ, Lourdes. Editorial. Pátio-Revista Pedagógica, Porto Alegre, ano 3, n. 10, p. 3, ago/out, 1999.

BRASIL, Ministério de Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira: Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília. 30p.
MISSIO, Luciane. CUNHA, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século XXI.  Santa Maria: Universidade Federal de Santa …, 2010 - Disponível em:< http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/056e4.pdf> Acesso em setembro/2017.

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