terça-feira, 28 de novembro de 2017

RECORTE DA MINHA REALIDADE COMO EDUCADORA

Relatarei minha rotina diária na rede Estadual que trabalho, onde no turno da manhã leciono a disciplina de Língua Portuguesa com o 6º e 8º ano e a noite com o EJA, e a tarde sou Supervisora de uma escola da rede Municipal.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Reüs situa-se no bairro Pitangueiras de Santo Antônio da Patrulha.
O nível de desenvolvimento que temos são comprometidos ao analisar a construção histórica, desde a fundação do município.
          O bairro na qual a escola está inserida é o mais desenvolvido do município. Nele situa-se a zona bancária, cooperativas, grande parte do setor de serviços, igrejas, escolas, comércio, indústria, etc... As pessoas residem ou trabalham, na maioria assalariados, são em geral simples, mas com um razoável nível cultural e apresentam disposição de progredir neste sentido.
          Pela sua localização e fácil acesso, a procura de vagas é expressiva e, muitas vezes, esbarra em nossas limitações, especialmente de espaço.
          O bairro possui uma infraestrutura satisfatória, oferecendo no mínimo, condições básicas de funcionamento aos diversos setores.
          A aula começa às 07h:45min. e termina as 11h:55min., divididos em 5 períodos de 50 min, onde das 10:15 até as 10:30 temos o recreio. No turno da manhã dou aula 2ª, 3ª e 5ª os 5 períodos. A noite a aula começa às 19:00h e termina as 23:00h, divididos também em 5 períodos, mas a realidade aqui é um pouco diferente, pois os alunos também são diferenciados, devido serem adultos que trabalham durante o dia e estudam à noite, onde muitos vêm direto do trabalho para a aula, então geralmente as aulas encerram as 22:30, pois depois da merenda e recreio os alunos vão embora, não permanecendo para assistir o último período. Enquanto no dia os alunos são muito assíduos(presentes) e mais cobrados devido só estudarem, durante à noite eles faltam muito e o nível de cobrança é um pouco mais flexível, devido ao contexto dos alunos.
          Durante o dia os alunos do 6º ano são muito agitados, pois ainda são muito infantilizados, onde é preciso saber lidar com eles, pois tudo é motivo de brigas e fofocas entre eles, e o uso do celular é lógico, que é constante se eu me descuidar.  Já o 8º ano apesar de agitados, são adolescentes, onde a aula transcorre de maneira mais tranquila, lógico que tem o problema do celular também, pois querem estar o tempo todo conectados. Mas para entrarmos em um consenso sempre dou os 10 minutos finais para eles ficarem no celular, em ambas turmas.
          A noite as aulas transcorrem de maneira mais tranquila, pois a maioria são adultos, onde não temos maiores problemas. Mas temos alguns jovens que em algumas ocasiões querem perturbar ou infringir alguma regra do turno da noite, onde a orientação e supervisão logo tomam as providências necessárias. Este ano de 2017 estamos tendo muitos problemas de drogas na escola no turno da noite.
          E assim transcorrem meus dias e noites, onde leciono minhas aulas, intercalando em aulas expositivas e aulas práticas, onde fazemos trabalhos em grupos, assistimos filmes, fazemos passeios/saídas culturais e exposições.
          Ao analisar minha rotina e na função da escola, relacionando com minhas leituras, ficou claro que conforme MISSIO & CUNHA;
[...] percebemos que a escola se mantém de maneira tenaz, impondo certos modos de conduta, de pensamento e de relações próprias, independente das mudanças que ocorrem na sociedade; o que a torna desinteressante para a grande demanda de estudantes que são obrigados frequentá-la diariamente. (MISSIO & CUNHA, 2010. p. 6)

          Embora esta construção escolar, cujo as finalidades expressas no PPP da escola diz que:
          A escola pública tem como compromisso oportunizar condições para sua clientela construir conhecimentos, atitudes e valores, contribuindo na formação de cidadãos críticos, éticos e participativos nos contextos que integram (BRASIL, 2004). No entanto, que requer superação de obstáculos, pois segundo Atié (1999, p. 3), em sua análise sobre a escola pública: “Hoje, o desafio que se coloca diante da escola é fornecer educação e informação para toda a vida... ela precisa romper seus muros e estar plenamente inserida no seu tempo e na comunidade a qual pertence.” Ações escolares devem ser consolidadas em um contexto participativo, integrador de todos seus segmentos, sincronizadas com o contexto atual, que requer uma política educacional capaz de contribuir na condução do país ao pleno desenvolvimento, em conformidade com os princípios democráticos em evolução. Acredito sim que podemos programar as atividades, mas de encontro da nossa atual conjectura de mundo, discordo em fazer uma atividade só porque está no cronograma, e sim fazer para despertar “algo” que desperte interesse em nossos alunos.
Remetendo a posição Pós-Moderna, ainda estamos atrelados a um único modelo Cultural, com um indivíduo emancipado, porém conformado com as imposições impostas por um sistema que “visa controle, tornar dócil a consciência”, isto é uma escola que ensina conhecimentos e comportamentos.
          No entanto,
“A posição Pós-Moderna pretende desconstruir a crença em uma totalidade unitária de mundo, em conceitos universais e totalizantes, com valores eternos e imutáveis, isto é, pensar o mundo sem recorrer a metarrelatos ou a metanarrativas”. (MISSIO & CUNHA, 2010. P.7).

O grande desafio de nossa realidade é transformar nossa educação identificada como Moderna, em uma educação Pós-Moderno, que encoraja a “intuição, a emoção e a diversidade”.

REFERÊNCIAS:
ATIÉ, Lourdes. Editorial. Pátio-Revista Pedagógica, Porto Alegre, ano 3, n. 10, p. 3, ago/out, 1999.

BRASIL, Ministério de Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira: Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília. 30p.
MISSIO, Luciane. CUNHA, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século XXI.  Santa Maria: Universidade Federal de Santa …, 2010 - Disponível em:< http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/056e4.pdf> Acesso em setembro/2017.

RECORTE DA REALIDADE

Farei um breve relato baseado em mim como aluna, talvez, não tão antiga como no século passado, mas que já podemos ver/notar visivelmente como era antes, como funcionava, e como é hoje, como funciona nossas escolas.
Imagine quanta diferença há na cabeça de um professor que aprendeu a raciocinar e escrever com lápis e caneta, e do aluno que já nasceu digitando seu tablete.
Imagine quanta mudança é para o professor que formava fila para cantar o hino nacional na escola enquanto assistia a bandeira ser hasteada, ver os alunos que hoje sequer sabem cantar o hino nacional, e enquanto cantam não tiram o boné em sinal de respeito.
O aluno para falar ou levantar-se antigamente em sala de aula precisava pedir licença para o professor, e este permitir, hoje vimos os alunos saírem e entrarem na sala de aula, sem sequer ao menos pedir para o professor.
Antigamente as escolas eram feitas aos moldes militares, com muros altos pra ninguém fugir, com toques para anunciar o início e o fim do recreio. Atualmente os alunos quando não querem assistir aula, “matam”/gazeiam o período, e quando  termina o recreio ficam no pátio além do horário , sem respeitar o horário de entrada.
Em uma de suas aulas, um colega foi surpreendido quando um aluno usou o celular para acessar a internet e esclarecer uma dúvida que ele havia prometido responder apenas na aula seguinte. Não muito diferente de nós antigamente, que tínhamos acesso a biblioteca da escola para fazer pesquisas e trabalhos.
Então, com este fato ocorrido, podemos concluir que a informação hoje não está mais só com o professor. O professor hoje tem que ser muito mais um papel de tutor/auxiliar, que vai qualificar esse conteúdo que está na rede, ajudando o aluno nessa caminhada. O aluno não vai mais aguentar alguém falando por uma, duas, três horas como antigamente, só escutando.
O ensino baseava-se na memorização e, ao contrário do que por vezes se pensava, aprendia-se muito menos do que se aprende hoje, pois as crianças nascidas na “era digital” vivem em meio a este hiper-estímulo de forma absolutamente natural, elas pesquisam, analisam, processam e aprendem mais rápido que as gerações anteriores.

BIBLIOGRAFIAS:


BECKER, FERNANDO. Educação e construção do conhecimento – 2ª ed.- Porto Alegre: Penso,2012.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

DICIONÁRIO DE PALAVRAS AFRICANAS

ATIVIDADE: Dicionário Africano
DURAÇÃO: 3 semanas
TURMA: 6º ano (61 e 62)
DISCIPLINAS: Língua Portuguesa e Artes

A proposta de trabalho para ser desenvolvida foi de elaborar um Dicionário Africano com as turmas de 6º ano. Para o desenvolvimento do projeto trabalhei em conjunto com a professora de Artes, onde enquanto eu trabalhava as palavras e seus significados, ela trabalharia com imagens africanas para posteriormente montarmos a capa do dicionário.
Enquanto a professora de Artes desenvolvia e trabalhava com as imagens, eu organizei e dividi em partes as atividades para a elaboração do dicionário.
1º) No dia 06/09 solicitei no final da aula que cada aluno pesquisasse 10 palavras africanas em casa e trouxesse na próxima aula dia 11/09;
2º) No dia 11/9, conforme o solicitado, os alunos trouxeram as palavras, e então eu expliquei a proposta de trabalho a ser desenvolvida nas próximas aulas. Disse que eles divididos em pequenos grupos elaborariam um dicionário de palavras africanas;
3º) Então, dividi a turma em 3 grupos formado de 5 pessoas, pois neste dia, alguns alunos faltaram e outros 3 não trouxeram as palavras pesquisadas (mas trariam na próxima aula);
4º) Formados os grupos, sugeri que eles fizessem uma triagem das palavras, ou seja, analisassem as palavras pesquisadas por cada um, e depois eliminassem as repetidas, para que depois organizassem em ordem alfabética;
5º) Para melhor organizar e dividir o trabalho, tentei dividir as letras do alfabeto “igualmente” para que cada grupo ficasse responsável pelas palavras e significados com as letras que lhe foram atribuídas;
6º) Iniciaram os trabalhos, a organização e montagem do dicionário em sala de aula com o meu auxílio, mas posteriormente levaram para casa para finalizar;
7º) Finalizada está primeira parte, iniciamos a segunda parte, que seria a de montagem da capa do dicionário, onde a professora de Artes já havia trabalhado e confeccionado os materiais que seriam usados na capa, e me entregou para na minha aula confeccionarmos;
8º) Finalizado a 1ª e 2ª parte, iniciamos a montagem final, onde montamos e organizamos as páginas, colocamos a capa, e pronto, estava finalizado o nosso DICIONÁRIO DE PALAVRAS AFRICANAS.

CONCLUSÃO: Ao realizar esta atividade com meus alunos, pude observar que foi uma atividade muito produtiva e enriquecedora, pois eles pesquisaram, procuraram, interagiram entre eles sobre o povo Africano. Descobriram que algumas palavras que muitas vezes usamos em nosso dia a dia como gíria, são palavras de origem Africana. A atividade além de atingir o objetivo proposto, foi além, pois a curiosidade dos alunos despertou neles curiosidades sobre cultura Africana, no qual fizeram pesquisas e a cada aula traziam uma nova descoberta, onde discutiam, mostravam entre eles as novas descobertas/aprendizagens. Até para montar a capa eles fizeram pesquisas dos costumes, bandeira, enfim, sobre tudo relacionado ao povo Africano. Eu como professora, fiquei realizada com o potencial, interesse e dinâmica dos alunos, em fazer de uma simples pesquisa, um trabalho tão produtivo, enriquecedor e lindo, como pudemos ver nas imagens abaixo. 


  

ESCOLA MAIS LABORATÓRIO, MENOS AUDITÓRIO

Neste vídeo o professor Fernando Becker afirma que precisamos de “MAIS LABORATÓRIO, MENOS AUDITÓRIO”. E que os verbos da escola são: REPETIR e COPIAR.
Mudam-se as escolas, colocam-se laboratórios e computadores, mas continua-se copiando e repetindo, repetindo e copiando.
E segundo os autores Piaget e Freire, eles falam em suas obras nos verbos interagir, indagar, inventar, experimentar, descobrir, ultrapassar, transformar....Então o grande desafio deste século, pelo menos no início deste século, é o de transformar o ensino na medida do processo do conhecimento humano. A atividade da escola deve transformar-se a partir do princípio de que o aluno é um centro de atividades, e não um receptor vazio (tábula rasa) a ser preenchido de conteúdos frequentemente sem sentido.
Resumindo, a escola precisa transformar-se cada vez mais em laboratório, e ser cada vez menos auditório. E os agentes dessa transformação, são em primeiro lugar, nós professores. E para que isso ocorra é preciso uma formação docente de grande 

O CONSTRUTIVISMO E SUA FUNÇÃO EDUCACIONAL

Segundo Lino de Macedo o conhecimento não é cópia da realidade, mas o resultado de um processo de construção, possível em função das estruturas cognitivas do sujeito. Se acreditar que o conhecimento resulta de cópia, basta preencher o aluno de conteúdo. Se acreditar no processo de maturação e estruturas cognitivas pré-existentes, basta criar situações para exercitar essas estruturas. Se acreditar na epistemologia da genética os métodos devem ser ativos através de ações físicas ou mentais.
            Os diferentes modelos descritos acima tratam de formas diferentes a ação de errar.
            Podemos dizer que o desafio do educador, amparados pela epistemologia genética, é formular perguntas capazes de gerar perturbações para provocar o interesse desse aluno, inclusive para compreender seu próprio erro.

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM SEGUNDO PIAGET

O texto inicia estabelecendo a diferenciação entre o problema do desenvolvimento em “geral” e o problema de aprendizagem.
·        O Desenvolvimento: é um processo espontâneo que envolve o todo (biológico e psicológico).
·        A aprendizagem: é o oposto. A aprendizagem é provocada por situações de experimentações. Além disso, é um processo limitado a um problema ou estrutura simples.
            “ O desenvolvimento explica a aprendizagem (MAICON)”. Para conhecer o desenvolvimento do conhecimento temos que ter em mente que o sujeito não deve apenas fazer uma cópia mental, mas sim interagir com o que se pretende conhecer.
            De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito tem que agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, agrupá-los, combiná-los, separá-los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento não é nem uma cópia interior dos objetos, ou acontecimentos do real, nem meros reflexos desses objetos e acontecimentos que se imporiam ao sujeito. Partindo deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante busca do significado das coisas. Esse significado é construído a partir da globalidade e das partes que constituem aquilo que se quer conhecer. Como ponto fundamental de aprendizagem, aprender é construir o seu próprio significado e não encontrar respostas certas dadas por outra pessoa.


EPISTEMOLOGIA GENÉTICA

Epistemologia é a teoria da ciência ou o estudo do conhecimento científico.
            Genética apresenta dois significados:
1)     O primeiro relativo a biologia e a transmissão dos caracteres hereditários.
2)     O segundo relativo à gênese, ou seja, origem.
            Epistemologia Genética é o estudo da origem do conhecimento.
            Para a epistemologia genética o conhecimento não vem pronto com a pessoa, e nem é imposto pelo meio, mas sim é construído individualmente pelo sujeito, mediante a interação sujeito e objeto, levando-se em consideração as condições do meio físico e social.
            Os estágios do desenvolvimento da inteligência apresentados pela teoria psicogenética são assim denominados: o sensório-motor (da inteligência prática), o operatório concreto (que se constitui inicialmente de uma inteligência intuitiva e depois operatória, baseada na reciprocidade do pensamento) e o estágio formal (quando se pode agir e pensar sob hipóteses e abstrações). 
            A epistemologia genética é uma teoria interacionista, ou seja, existe a crença que o conhecimento se origina através das condições internas do sujeito + a maturação+ a experiência adquirida.
            É preciso lembrar que o conteúdo básico da teoria psicogenética de Piaget é a ação do sujeito que interage com os objetos, construindo, a partir dessas ações, formas e/ou estruturas de inteligência que lhe permitem, cada vez mais, adaptar-se ao mundo em que vive.

SUJEITOS COM ALTAS HABILIDADES

Repensando o papel do professor em sala de aula:
Em se tratando das dificuldades que os alunos com altas habilidades encontram na sua trajetória acadêmica, não há como não lembrar do professor , pois exerce grande influência na vida escolar de todos os alunos.
O professor deve estar atento para as relações estabelecidas em sala de aula não sejam vistas pelo aluno com altas habilidades como algo negativo. Geralmente sabe-se que "as crianças rotuladas superdotadas têm mais problemas sociais do que as não assim rotuladas"(WINNER, 1998, p.179)
Conforme Winner: "Rotular uma criança como superdotada a pressiona a desempenhar como uma criança superdotada e aumenta seu sentimento de ser diferente"(WINNER, 1998, p.179).
Quando este rótulo não é bem trabalhado(resolvido por parte dos professores, colegas e pela própria criança com altas habilidades), isso pode trazer problemas para a convivência entre todos na escola. Sentimentos como rejeição e menosprezo e até isolamento, podem ser consequências negativas dessas relações interpessoais.
Outra característica destas crianças é a introversão, pois, sentem-se diferentes dos demais, apresentando dificuldades de relacionamentos. Isso se dá porque os interesses das crianças com altas habilidades não  são as mesmas de seus colegas, o que geralmente faz com que ocorra um distanciamento natural por  parte de ambos.
Acredito que diante desta problemática, como educadora , é necessário a criação de um espaço para as crianças com altas habilidades, pois as trocas sociais entre eles são muito importantes.
Costa (2002), pontua que:
"É fundamental ao indivíduo permanecer no seu contexto, aprender a conviver com suas diferenças, realizar trocas com os demais e ampliar sua comunicação(...).
É claro, que o professor deve, primeiramente conhecer sua turma e verificar se está estratégia será viável.
Mas sabemos que na maioria das vezes, os professores caem no comodismo: Por que alterar a prática se está dando certo? Porém, será que eles estão complementando os interesses dos alunos ou apenas é menos trabalhoso continuar do jeito que está?
GUENTHER (2000, p.63) complementa esta questão quando expõe suas ideias:
"(...) a esse respeito umas das tarefas do professor seria estimular o pensamento, a reflexão, permitir que o aluno demonstre suas opiniões, que desenvolva um senso crítico".
Nós educadores devemos ter a consciência de que iremos ensinar, mas que também iremos aprender com os alunos, posto que a figura do professor como "sabe-tudo" já está mais que ultrapassado. Portanto:
è preciso um professor que seja um mediador não somente do conhecimento, mas também da compreensão de si próprio, de seus pontos fracos e seus pontos fortes, que seja mais um, orientador do que um transmissor de conhecimentos, que ajude esse aluno a integrar-se ao grupo e assim facilitar-lhe sua integração à sociedade(PÉREZ, 2002).
Muitos professores, que não possuem treinamento especial no reconhecimento de sinais de superdotação, simplesmente consideram estas crianças como um problema e mandam relatórios para os pais de que a criança é desmotivada, não deseja tentar e não consegue sentar quieta(WINNER, 1998, p.194).
Dessa forma, muitas vezes nós professores acabamos encaminhando essas crianças para uma avaliação psicológica, temendo que elas sejam hiperativas ou que apresentem algum distúrbio de aprendizagem ,pois é mais fácil medicar o aluno para ele ficar quieto e concentrado, do que lidar com suas diferenças e fazer o diferente em sala de aula, lógico com o devido suporte.

COSTA, M.R.N. da. Os Portadores de Altas Habilidades e educação: uma relação de desafio.
GUENTHER, Z.C. O aluno bem dotado na escola regular:celebrando diversidade, incluindo diferenças.
PÉREZ, S.G.P.B. Da transparência a Consciência: uma evolução necessária para inclusão do aluno com altas habilidade/superdotados.
WINNER, E. Crianças Superdotadas: mitos e realidade. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 

DEFICIÊNCIAS E DIFERENÇAS

Ao ler o texto "História, conceito e tipos de deficiência", da professora e fisiatra Izabel Maior e assistir o vídeo "Deficiências e Diferenças" com Izabel Maior e Benilton Bezerra no café filosófico, chego a conclusão de que ambos nos provocam a refletir sobre as discriminações e preconceitos.
Izabel defende o lema "nada sobre nós, sem nós" e diz que "não é o limite individual que determina a deficiência, mas sim as barreiras existentes no meio".
A atitude preconceituosa das pessoas, a arquitetura, o transporte público, a comunicação, a falta de acesso a bens e serviços, entre outras questões, travam a autonomia verdadeira.
A pessoa com deficiência tem que provar todo o tempo que é capaz.
Só vamos chegar ao desenvolvimento social que buscamos quando entendermos que cada um tem contribuições a dar, a partir da sua diferença, do seu jeito de ver o mundo, do seu saber e da sua maneira de colaborar para a qualidade de vida de todos.A lutas dos cidadãos é a mesma. "É contra a discriminação, é contra o apartheid, é contra a falta de oportunidades, é contra a reiterada posição de discriminar parecendo que não está descriminando".
Após assistir o vídeo e ler o texto, regressei a minha sala de aula e fiz uma análise das duas realidades em que atuo como professora e supervisora. E cheguei a conclusão de que na escola da rede estadual que atuo como professora existem pouquíssimas crianças com deficiências. Já na escola que atuo como supervisora na rede municipal existem muitos casos de deficiências. E hoje consigo entender  "talvez" porque isso aconteça. Na rede estadual onde sou professora, não temos nenhum suporte para trabalhar com alunos com deficiências, como o município oferece: auxiliar de AEE, atendimentos especializados (psicopedagoga, fonoaudióloga, psicóloga...), o aluno que tenho este ano no meu 6º ano, tem laudo Q 04.0 / F90.0, e toma medicação. Mas nunca a equipe diretiva veio conversar comigo sobre o aluno, simplesmente me falaram que ele tinha dificuldades e era lento, pois teve um problema no parto. Então como professora, fui tentar descobrir mais sobre meu aluno,  indo até a secretaria para ver sua ficha de matrícula e tentar descobrir algo mais, e para minha surpresa vi que ele tinha laudo e tomava medicação, e não tinha apenas dificuldades como me passou a equipe diretiva. Ele é um aluno muito querido e tranquilo, conversa pouco em sala de aula, até porque como é lento, é comprometido em sempre ter seu caderno em dia e copiar todo conteúdo. E com o convívio, mudei algumas estratégias que costumo ter  com minhas turmas, não posso ditar conteúdos, pois ele não acompanha, as provas são as mesmas, mas divido em duas partes para ele realizar, para ele não ficar nervoso. Como é uma turma agitada, eles costumam copiar e terminar rápido as atividades, e como o "fulano" é lento, tenho que ter sempre atividades extra para os outros, pois preciso esperar ele terminar as atividades, e as atividades extra ele leva como tema de casa. Hoje como professora vejo que ele consegue acompanhar a turma em conteúdo, apenas preciso às vezes trabalhar mais individual com ele no momento das explicações. E assim é o meu trabalho com o aluno em sala de aula, pois, como relata a colega Claudia em seu relato, nós educadores não somos preparados para trabalhar e atender crianças com necessidades especiais, ao mesmo tempo que é difícil no dia a dia nos torna desafiador trabalhar com estes alunos.

MITOS E PRECONCEITOS SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

A autora Lígia Amaral no livro inicialmente ressalta através da linguagem apelativa e extremamente realista, o que estamos acostumados a encarar “crioulo doido”, “quatro olho”, “surdinho”, “cegueta”, “mula manca”, expressões que dificilmente passaríamos em nossas vidas impunes de pronunciá-las. Além do mais, quem jamais pronunciou tais expressões mesmo por brincadeira? – A intensidade dita significativamente a marca preconceituosa e inata dentro de cada um de nós, verdadeiro obstáculo natural que impede o “ser diferente” de viver em plenitude. É o que diz Lígia em seu parágrafo “...estaríamos muito perto da resposta: a presença de preconceitos e a decorrente discriminação vivida, ainda com mais intensidade, pelos significativamente diferentes, impedindo-os, muitas vezes, de vivenciar não só seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua própria infância.” (sobre crocodilos e avestruzes, p.12)
               A autora conceitua de início DIFERENÇA SIGNIFICATIVA, ou seja, tudo aquilo que temos ideia e que chamamos de vocação de componentes da natureza, para entendermos nossos padrões de semelhança. Um ponto de partida é compreendermos nossas semelhanças onde estamos incluídos como seres humanos. Todos nós conseguimos definir características básicas como: cabeça, tronco e membros superiores e inferiores, reconhecimento da fala e toda motricidade humana. Isto é o normal de cada um e qualquer alteração dessa forma e função, remete-nos à categorização de diferente, desviante e com deficiência.
            Como prova dessa categorização, a autora cita em seu parágrafo o que dificilmente deixaríamos de afirmar como “tipo ideal” a ser seguido: “Todos sabemos (embora nem todos o confessemos) que em nosso contexto social esse “tipo ideal”- que na verdade faz o papel de um espelho virtual e generoso de nós mesmos- corresponde, no mínimo, a um ser: jovem, do gênero masculino, branco, cristão, heterossexual, física e mentalmente perfeito, belo e produtivo.”
            Qualquer que seja o distanciamento dessas condições, causaria a categorização depreciativa ou validação do outro. Perpetuar e reconhecer esse “tipo ideal” é legitimar o preconceito e estigma. O reconhecimento do preconceito deveria ser sob caráter essencialmente reflexivo, avaliando e contextualizando o questionamento da normalidade e anormalidade que, geralmente levamos a julgar algo ou alguém.
            O que é ser diferente? Todos nós somos diferentes, mas porque então as pessoas querem que você seja como elas, fale como elas, se vista como elas, tenham atitudes que elas?
            O que realmente há, é a intolerância diante das diferenças, tanto das físicas, como as de personalidade ou de comportamento. E se você não se enquadra no nos parâmetros da sociedade ou do grupo, assim como sua fala ou suas atitudes, quer dizer que você é diferente delas, infelizmente é assim a sociedade de hoje. A diferença é saudável, é com ela que refletimos, que encontramos caminhos, e tudo isso nos torna mais flexíveis, nos dá maior sabedoria para enfrentar as dificuldades, de entender que nem tudo é como acreditamos, que nem sempre a tirania de nossa mente, de nossos desejos prevalecem diante do outro, que não somos os donos da verdade e se esta verdade existe mesmo, pode ter certeza de que cada um tem a sua, que muitas vezes estamos tão acostumados a questionar, criticar e dominar, que esquecemos que somos humanos, que esquecemos de nos perguntar “o que sou?”.
            Quando entendermos a “diferença” não como afastamento, ostracismo, mas como a oportunidade de vivenciarmos novas possibilidades de convívio diante de limitações, entenderemos o quanto somos limitados/as quando não nos damos a chance de vermos a nós mesmos no outro, mas também aprendemos que um mundo de possibilidades é possível quando enxergamos no outro não seus possíveis “defeitos”, mas as suas nuances infinitas que podem contribuir para valorizarmos cada vez mais a vida e a dignidade humana, este sim, deve ser o parâmetro para qualquer relação humana, seja na escola ou fora dela.
            Conclusivamente, externamos a necessidade de sairmos da posição de avestruzes, transformando nossos pensamentos e anseios em objetivações, em ações práticas que se materializem no dia-a-dia, utilizando as pontes movediças do conhecimento teórico-científico para transitar de maneira segura pelo rio das relações intra e interpessoais, que estão repletas de crocodilos que levam a tonalidade e o peso do preconceito, do estereótipo e do estigma.



AMARAL, L. A. Sobre Crocodilos e Avestruzes: Falando de Diferenças Físicas, Preconceitos e Sua Superação. In: AQUINO, J. G. (org.). Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998, 5ª edição, p. 11-30.